segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Análise: Santos 1x0 América-MG - Campeonato Brasileiro 2016 - 2° Turno


Que o Palmeiras ficou com o título, todos nós sabemos. Mas o que ainda não sabíamos era quem seria o vice-campeão brasileiro de 2016, poderia ser o Santos ou o Flamengo, e o empate sem gols entre o Atlético-PR e o Flamengo em Curitiba e a vitória do Santos por 1 a 0 contra o já rebaixado América garantiram o vice-campeonato nacional para o time santista, fato que não ocorre desde 2007.

Não tenho muito o que comentar sobre esse jogo, pois esse era aquele tipo de jogo que precisava acontecer, mas ao mesmo tempo era um tipo de jogo que ninguém queria jogar, após os acontecimentos da tragédia que envolveu a equipe da Chapecoense no dia 29 de Novembro de 2016. Alguns jogos precisavam ser realizados para definir o vice-campeão, classificados para a Libertadores e o último rebaixado que foi o Internacional... Coitada da Renata Fan HAHAHAHAHAHA !!!
Mas o Santos começou a partida como de costume, tocando a bola de pé em pé, até conseguir encontrar espaços e armar jogadas. O time santista conseguia fazer isso, mas o América não estava facilitando as coisas e também saia pro jogo, mas sem sucesso. O 1° tempo foi muito equilibrado nos primeiros 15 minutos de partida, mas o restante foi muito "sonolento", que perdeu até o ânimo de assistir a partida. Mas o 2° tempo veio, e logo depois o torcedor santista teve motivos para comemorar, pois Ricardo Oliveira apareceu no lugar certo e na hora certa para abrir o placar. 1 a 0 para o peixe. Em um jogo de definição pelo 2° lugar, também marcou a despedida do ídolo Elano, que se aposentou dos gramados, e será auxiliar técnico do Santos à partir da próxima temporada. Ainda veremos Elano no Santos, mas não da forma que estamos acostumados. Assim como muitos jogos na Europa e também na final da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético-MG, na última rodada do Brasileirão também teve homenagens para a Chapecoense, e com certeza é muito doloroso para os atletas, membros de comissão técnica e jornalistas lembrarem que perderam muitos colegas de profissão e que tinham a vida pela frente, e que agora estão ao lado de Deus, em um lugar melhor.

Não é do feitio do torcedor "comemorar" um vice-campeonato, mas se tratando em termos financeiros, o Santos teve tudo para buscar esse vice-campeonato pois ficaria com R$ 3,4 bilhões a mais do que o 3° colocado, e encerraria a temporada financeiramente melhor do que o ano anterior, já que vai voltar a disputar a Libertadores, é necessário reforçar a equipe, que já conta com o lateral direito Matheus Ribeiro e o zagueiro Cléber.
Por tudo que o Santos passou na temporada, pelo elenco que possui, pelas dificuldades encontradas ao longo do campeonato, como pontos desperdiçados que não poderia deixar de conquistar, desfalques por lesão e na Seleção Brasileira (principal e olímpica), podemos acreditar que o Santos chegou longe demais nesse campeonato, que apesar do Palmeiras ter conquistado, mesmo sem ter jogado um futebol que empolgou o torcedor brasileiro nessa temporada, com ajuda da arbitragem em alguns jogos, venceu os jogos que precisava vencer durante o campeonato, e os pontos que desperdiçou em alguns jogos, inclusive contra o Santos, na Vila Belmiro, não fizeram falta, ao contrário do Santos, em que os pontos do empate em 2 a 2  e derrota na Vila por 1 a 0 contra o rebaixado Figueirense, derrotas para o rebaixado Internacional por 1 a 0 e 2 a 1, derrota para o Atlético-PR por 1 a 0 em Curitiba, derrota para o Grêmio por 3 a 2 em Porto Alegre e empate em 1 a 1 na Vila, contra o mesmo Grêmio que estava com um time reserva, derrota de virada para o Coritiba por 2 a 1, fora de casa e o empate contra o Cruzeiro em 2 a 2. Por tudo o que passou, o Santos conseguiu estar em uma "posição honrosa" nesse campeonato, que era destinado a ser um time de meio de tabela por muitos, e conseguiu se superar, entrou no G-3, se classificou para a Libertadores, lutou pelo título, e nos deu a certeza de que na próxima temporada, o Santos pode muito mais !

Desejo à todos Feliz Natal, um prospero Ano Novo, e que Deus abençoe a todos !



DE BRANCO E PRETO EU TENHO A SATISFAÇÃO, CANTO ALEGRE PARA O POVO,
QUE O SANTOS É O ETERNO CAMPEÃO !

Análise: Cruzeiro 2x2 Santos e Flamengo x Santos - Campeonato Brasileiro 2016 - 2° Turno


Ninguém gostaria de imaginar um dos maiores rivais chegar ao 9° título do campeonato brasileiro antes do Santos, mas sabemos que o Palmeiras estava com "a faca e o queijo na mão" e só um milagre tiraria o título deles e esse mesmo milagre nos daria o título nacional no ano de 2016. Apesar de ter perdido pontos importantes em jogos que precisava vencer (Figueirense, Internacional, América - MG, Coritiba), também fomos prejudicados com erros de arbitragens durante o campeonato, inclusive na partida contra o Cruzeiro, e que certamente nos custou o título desse campeonato e também as convocações para a Seleção Brasileira que desfalcaram o Santos nessa temporada. Se pararmos para pensar, pelo elenco que o Santos possui, pelo pouco investimento que o Santos fez nessa temporada (se compararmos com o rival Palmeiras), pelos pontos desperdiçados em jogos importantes (que era necessário vencer), pela colocação que o Santos se encontra hoje, chegamos a conclusão de que o Santos chegou longe demais. Por tudo que o Santos passou nesse campeonato, um vice-campeonato seria muito simbólico para o Santos, o que não ocorre desde 2007. Mas é claro que todos nós sabemos que o Santos pode muito mais do que ganhar apenas um campeonato estadual, que no passado já foi o mais disputado do país e o mais difícil a ser conquistado a ponto do Santos já ter desistido de disputar a Libertadores por causa do Campeonato Paulista; sabemos que o Santos poderia sim, estar na liderança do campeonato e ainda pode ganhar, mas as chances que eram menores, agora são remotas. São necessárias duas vitórias contra Flamengo (fora) e América - MG (casa) e duas derrotas alviverdes contra Chapecoense (casa) e Vitória (fora).De todo o modo, o Santos já conseguiu atingir o seu principal objetivo na temporada que era a classificação direta para a fase de grupos da Libertadores de 2017, portanto o Santos não tem mais nada a perder nesse campeonato, a não ser o vice-campeonato. Cruzeiro Esporte Clube e Santos Futebol Clube empataram a partida por 2 a 2, em Belo Horizonte - MG, no Mineirão. Ricardo Oliveira teve a felicidade de marcar os dois gols do peixe, mas De Arrascaeta e Manoel (impedido), marcaram os gols da raposa.


CRUZEIRO 2X2 SANTOS

O jogo começou bastante equilibrado, com chances para os dois lados, mas o Santos era o time com mais disposição para atacar, pois até então, estava brigando pelo título com o Palmeiras. O que todo santista esperava era que o gol saísse o quanto antes ... E saiu ! Mas não da forma como desejava. De Arrascaeta aproveitou a falha da zaga santista e faz 1 a 0 para os mineiros. Os santistas continuaram atacando, mas não com a mesma intensidade antes de sofrer o gol, e precisava voltar para a segunda etapa com uma nova postura ... E voltou ! Ricardo Oliveira aproveita a falha da defesa cruzeirense e empata a partida no início do 2° tempo: 1 a 1. O Santos passou a dominar o jogo, e a torcida estava mais esperançosa com a virada do Peixe e com um tropeço do rival Palmeiras. Aos 15 minutos, Copete sofre pênalti e Ricardo Oliveira vira o placar no Mineirão. 2 a 1 para o Santos. Motivos para sorrir ? Sim, o Santos virou o jogo! Motivos para comemorar ? Não, porque o Palmeiras também fez o seu gol no Allianz Parque exatamente no mesmo momento em que o Santos virava a partida contra o Cruzeiro. O time poderia ter ampliado o placar após a expulsão de De Arrascaeta. Poderia, mas não fez ! O time recuou, recuou, recuou até que o pior voltava a acontecer: gol sofrido nos últimos minutos, e da pior forma possível, o zagueiro Manoel estava em posição irregular, mas o gol foi confirmado. O empate em 2 a 2 tirou a esperança de quase todos os santistas em ver o time conquistar o título do campeonato brasileiro após 12 anos, mas garantiu a classificação direta para a fase de grupos da Libertadores 2017.

FLAMENGO 2X0 SANTOS

A única chance de vencer o título era vencer Flamengo e América-MG e o Palmeiras perder para
Chapecoense e Vitória. Fácil ? Acho que não. Talvez se fosse o contrário, mas sabemos que não é fácil jogar fora de casa, ainda mais no Maracanã. Não é o mesmo Maracanã de 20, 30 ou 40 anos atrás, mas não deixa de ser aquele que já foi o maior estádio do mundo. O Flamengo que já não tinha mais nada em disputa, jogou de igual pra igual durante toda a partida, pois nenhum torcedor rubro-negro queria que o seu time passe uma temporada inteira sem vencer uma única partida dentro de sua cidade. Já os santistas, só queriam que o seu time vencesse a partida, não importando o que acontecesse em São Paulo, já que o título do rival Palmeiras já era dado como certo. O Santos começou bem, trocando passes e arriscando alguns chutes de longa distância, mas foi o Flamengo que abriu o placar após falha da zaga do Santos. 1 a 0 para o Flamengo. O Santos tentou sair mais pro jogo, mas o gol sofrido nos primeiros minutos foi uma ducha de água fria, ainda mais quando o Palmeiras estava vencendo seu jogo por 1 a 0. O Santos já não tinha mais forças para buscar o empate. Não basta sofrer o gol de Guerrero após mais um erro defensivo no campeonato, teve que ver o ídolo Diego, que estava do outro lado do campo, fazer o gol da vitória rubro-negra por 2 a 0. O Santos ainda briga pelo vice-campeonato contra o Flamengo.

NO SANTOS PRATICA-SE O ESPORTE, COM DIGNIDADE E COM FERVOR, SEJA QUAL FOR A SUA SORTE, DE VENCIDO OU VENCEDOR !

Análise: Santos 1x1 Benfica-POR - Amistoso Internacional 2016 + Vila 100 ANOS



No dia 08 de Outubro de 2016, o Santos Futebol Clube e o Benfica - POR, realizaram um amistoso no Estádio Urbano Caldeira, mais popularmente conhecida como "Alçapão", "La Bombonera Brasileira", "Caldeirão" para a mídia, mas para nós, é conhecida como Vila Belmiro; E essa partida foi realizada em celebração do centenário do estádio da equipe santista, que foram completados no dia 12 de Outubro, e também a despedida oficial do meia Giovanni e do lateral-esquerdo Léo, dois dos maiores ídolos da história do Santos Futebol Clube. Uma curiosidade é que além de Santos e Benfica terem sido os times que decidiram a final do Mundial Interclubes de 1962, que terminou com o título para o time brasileiro, Santos e Benfica também são os times que Léo teve mais identificação na sua carreira, pois o ex-lateral esquerdo jogou no Benfica entre 2005-2008, e no Santos entre 2000-2005 e 2009-2014.

BEM-VINDO AO REINO DO FUTEBOL!

Era dia 12 de outubro de 1916, quando visionários inauguraram a Vila Belmiro (estádio Urbano Caldeira), futuramente rotulada como Vila mais famosa do mundo ou Reino do Futebol, para abrigar os espetáculos do clube que rege o Futebol Arte e o DNA ofensivo. É, atualmente, o estádio mais antigo do Brasil em que um clube exerce jogos oficiais, um local em que, ao longo do tempo, foram estabelecidas historias belíssimas e extraordinárias.
Pelo Templo do Futebol passaram inúmeros craques históricos: de Arnaldo Silveira a Pelé, de Araken Patusca a Neymar, de Antoninho Fernandes a Robinho, de Feitiço a Clodoaldo… atletas e gerações sublimes, como as dos anos de 1916-19, que contribuiu na transformação do “soccer” como esporte mais popular; a revolucionaria ofensiva Campeã da Técnica e da Disciplina do período 1926-31; a dos primeiros campeões em 1935; as do fim dos anos 40, ao qual difundiram o Alvinegro como grande revelador de craques; as da dinastia santista na Era de Ouro do Futebol Brasileiro entre 1955 a 70; além dos celebres Meninos da Vila de 1978, 2002-04, 2011-12 e 2014-15. Todas perpetuaram no palco da Vila o legado da técnica e da disciplina, o jogo bonito, a mística da magia futebolística e a irreverencia jovial, com muita bola na rede!
Inúmeros duelos magníficos que entraram para a história do futebol foram construídos, assim como incontáveis taças foram levantadas, numa dinâmica executada com excelência pelo Santos FC no teatro de Vila Belmiro. Em 1916 ocorre a estreia e a primeira de muitas vitorias. Entre 1927 a 31 ocorrem grandes triunfos nacionais e internacionais e a Vila transformou-se num “espantalho” para adversários. Precisamente em 1930, a Praça Esportiva recebeu a alcunha de “Alçapão”, naquele ano o Alvinegro permaneceu invicto em seus domínios por toda temporada e impôs extravagante goleada na Seleção da França (6 a 1), que havia disputado a primeira Copa do Mundo/1930. No ano seguinte, a Vila teve um de seus maiores triunfos históricos, num duelo santista ante da maior geração do futebol uruguaio, então Campeões do Mundo e Bicampeões Olímpico.
Cabe ressaltar que o estádio Urbano Caldeira foi palco de vários títulos paulistas (1960, 1964, 2006, 2011), em especial a emocionante conquista de 1955, ano da reconstrução histórica do clube. Abrigou também conquistas nacionais, como a finalíssima do Campeonato Brasileiro de 1961, quando o Santos abateu ferozmente o Bahia-BA e anexou o primeiro nacional. Para conquistar o primeiro título Mundial, em 1962, o triunfo santista por 3 a 2 na Vila Belmiro, pelo primeiro jogo da decisão frente ao Benfica-POR, foi importantíssimo.
Na Vila Belmiro o Rei Pelé estabeleceu alguns de seus maiores feitos incomparáveis e também foi o local em que se despediu dos gramados em 1974. As gerações dos meninos fizeram do gramado de Urbano Caldeira um local de divertimento e apreciação da arte do futebol perfeccionista, protagonizando grandes prélios no Brasileirão e na Libertadores. Além da Copa do Brasil, cujo caminho da conquista nas finais em 2010 foi iniciado no alçapão da Vila.
A dinâmica que o Santos FC impõe aos adversários desde o Amadorismo aos momentos hodiernos é uma logística terrível de suportar – faz lembrar grandes Impérios da Idade Clássica da História em que guerreiros traçavam estratégias em contragolpes indefensáveis para vencer batalhas ou guerras. Assim é o SFC, geralmente com um futebol rápido, jogadores leves e atrevidos que aproveitam como poucos os espaços do gramado em contra-ataques intangíveis e mortais.
Poucos clubes no mundo tornaram seu estádio tão temido e amedrontador para rivais quanto o Santos FC na Vila Belmiro – numa equiparação a La Bombonera para o Boca Juniors-ARG, ao Santiago Bernabéu para o Real Madrid-ESP, ao “Teatro dos Sonhos” de Old Trafford para o Man. United-ING, entre outros. Algumas opiniões de jogadores e técnicos, que atuaram no Alçapão, sugerem que jogar na Vila com a pressão da torcida santista seja mais sufocante que atuar num Maracanã/RJ lotado ou em outros grandes estádios do mundo. Para alguns é o próprio “inferno”, um local que exerce uma pressão descomunal e indescritível.

Na reflexão retrospectiva da história: a Centenária Vila Belmiro é um refúgio glorioso para o Santos Futebol Clube.

VILA 100 ANOS

O Santos foi fundado no dia 14 de Abril de 1912, (curiosamente, na mesma data aconteceu o naufrágio do Titanic), mas ainda não tinha estádio próprio, desde a sua fundação, o time santista jogou suas primeiras partidas em um campo de futebol do antigo Internacional (que anos antes se transferiu para São Paulo), na Avenida Ana Costa. É curioso que o Santos tenha inaugurado seu estádio justamente em um 12 de Outubro, no qual se comemora o Dia das Crianças (Desde 1980, no dia 12 de Outubro comemora-se o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil).Mas nesse caso foi mera coincidência, se é que ela realmente existe...  (no Brasil, o Dia da Criança só seria criado em 5 de Novembro de 1924, por sugestão do deputado Galdino do Valle Filho e decreto do presidente Arthur Bernardes). Antes de ter o seu campo, o Santos treinava e fazia algumas partidas no campo da Rua Aguiar de Andrade, hoje Manoel Tourinho, entre as ruas Lowndes e Emílio Ribas, no Macuco. O campo do Macuco não tinha as dimensões mínimas oficiais, mas não se pode deixar de lembrar que o primeiro campeão italiano, o Genova, ganhou seu título, ainda no século XIX, também em um campo irregular, e isso não impediu que entrasse para a história do futebol da Itália. Primórdios são primórdios e como tais devem ser respeitados.

De qualquer forma, em reunião de diretoria de 14 de julho de 1915, o presidente Agnello Cícero de Oliveira falou pela primeira vez da "necessidade urgente da construção de um campo de futebol com todas as acomodações e instalações que se fazem precisar aos nossos jogadores e apreciadores". Criou-se então uma comissão com plenos poderes para tratar do assunto. Ela foi formada pelos sócios Francisco Viriato da Costa, Luiz Suplicy Filho, Harold Cross e Sebastião Arantes.

Iniciou-se, então, a busca por um terreno apropriado e com preço acessível. Em 6 de outubro de 1915, em nova reunião de diretoria, Urbano Caldeira falou de um bom terreno em Campo Grande, seco e alto, a 150 metros da linha do bonde, pelo qual o proprietário pedia dois mil réis o metro quadrado. Mas Luiz Suplicy foi contra, dizendo que o terreno tinha muitas casinhas de madeira e não seria fácil desalojar os moradores. Sebastião Arantes concordava com Suplicy.

Analisada todas as possibilidades, o clube ficou dividido entre dois imóveis: um, de 18 mil metros quadrados, pertencente a Oswaldo Sampaio, e outro de 16 mil metros quadrados, da Companhia Santista de Habitações Econômicas. O terreno do senhor Oswaldo - onde hoje está situado a Portuguesa Santista - era quase metade do preço do outro, mas tinha o inconveniente dos inquilinos, que só poderiam deixar o local em seis meses.

O da Companhia Santista, que finalmente acabou sendo o escolhido, que poderia ser entregue, no máximo, em quatro meses, foi descrito detalhadamente em reunião de diretoria de 31 de maio de 1916 pelo vice-presidente Alvaro de Oliveira Ribeiro, avô de Luis Alvaro Ribeiro, ex-presidente do clube: "É alto, setenta centímetros acima do nível do mar, com luz elétrica, água, esgotos, bonde e encravado em um bairro familiar (...) Será pago em dez anos, com prestações mensais de novecentos mil réis e juros de 8% a 10 % ao ano (...) A Construtora ainda empresta ao clube de trinta contos de réis, com juros de 12% ao ano, pagando em cinco anos e em prestações mensais, para a construção das benfeitorias".

O presidente Agnello Cícero de Oliveira fechou a compra do terreno da Companhia Santista de Habitações Econômicas em 10 de junho de 1916. Em 20 de agosto ficou contratado que a Companhia passaria um rolo compressor grande no campo e o Santos se encarregaria de pagar o combustível (carvão) e o maquinista, assim como espalharia o barro, a uma altura de dez centímetros. Mas aí surgiu o problema da grana, que necessitaria de tempo para pegar. Agnello chegou a propor que o Santos, que já estava mal no campeonato estadual, entregasse os pontos dos próximos jogos, ao que o diretor Urbano Caldeira, que chegara a exercer interinamente a presidência, tomou a palavra e exortou o clube a jogar em seu novo estádio.

Urbano explicou que a grama seria plantada gratuitamente pela prefeitura e que, mesmo que os jogos estragassem o gramado, o produto das arrecadações cobriria as despesas com sua reposição. Para ele, a cada final de campeonato, a grama deveria ser reposta, por meio de uma verba comum de conservação do campo. Com estilo, Urbano terminou seu discurso de maneira envolvente, que empolgou os presentes. Disse ele: "Tanto o valor do clube, como a despesa da grama, nada valem se considerarmos as tradições e o renome que o clube, intransigentemente e com todos os prejuízos, precisa manter altaneiro."


Assim, ladeado por modestas arquibancadas de madeira e uma cerca envolvendo o campo, aquele que viria a ser o Alçapão da Vila mais Famosa do Mundo foi inaugurado em uma partida pelo Campeonato Paulista em que o Santos venceu o Ypiranga, da capital, por 2 a 1, no dia 22 de Outubro de 1916.

Pela dedicação de Urbano Caldeira ao campo, a ponto de ir pessoalmente cortar a grama em noites de lua cheia, quatro dias após sua morte, em 13 de março de 1933, a diretoria resolveu dar o seu nome ao estádio. A proposta, de Ricardo Pinto de Oliveira, foi aprovada e a Vila Belmiro passou a se chamar, oficialmente, Praça de Esportes Urbano Caldeira.

A ORIGEM DO BAIRRO VILA BELMIRO

No dia 21 de dezembro de 1915, o eixo de habitação compreendido entre a Rua Manuel Galeão Carvalhal e a Avenida Carvalho de Mendonça, junto à Avenida Bernardino de Campos, foi nomeada como “Vila Belmiro”, em homenagem ao ex-prefeito da cidade de Santos, Belmiro Ribeiro, que se destacou na vida econômica e social do município.
Anteriormente, o loteamento das ruas eram conhecidas por “Vila Operária”, justamente por ser habitada por trabalhadores.
Belmiro Ribeiro de Morais e Silva doou ao município santista diversos terrenos, entre eles, os terrenos da Vila Operária.
Quando o estádio santista foi fundada, em 1916, a nova nomenclatura “Vila Belmiro”, não tinha completado ainda um ano de existência, e nos primeiros anos, o estádio era chamado de “Campo do Santos” ou “Praça de Esportes do Santos”. Ao passar dos anos, o nome do bairro virou também o apelido do estádio.
No ano de 1933, após o falecimento de Urbano Caldeira, o “Campo do Santos” passa a se chamar oficialmente Estádio Urbano Caldeira, em homenagem ao maior abnegado santista.

DIMENSÃO HISTÓRICA




As ruas ao entorno do Estádio Urbano Caldeira, são denominadas com nomes de figuras históricas para o Brasil:
Do lado do portão principal: Rua Tiradentes.
Do lado do Memorial das Conquistas: Rua Princesa Isabel.
Do lado do vestiário do time visitante: Rua José de Alencar.
Do lado frontal às cadeiras sociais: Rua Dom Pedro I.
Na época da construção do estádio, as Ruas Princesa Isabel e José de Alencar, eram chamadas respectivamente: Rua da Abolição e Rua Guarani.
E devido a todos os aspectos apresentados, hoje em dia, mesmo tendo o nome oficial de Urbano Caldeira, o estádio santista é mais conhecido por Vila Belmiro, que ao passar dos anos, foi intitulada de “Alçapão da Vila” e a “Vila mais famosa do mundo”.

INAUGURAÇÃO DA VILA BELMIRO

Conhecida até então como “Campo do Santos FC” ou “Praça de Esportes”, a Vila mais famosa do mundo foi inaugurada no dia 12 de outubro de 1916.
Após quase um ano escolhendo um terreno adequado para a construção do tão esperado estádio,  a Vila Belmiro ficou pronta por completa em apenas 4 meses, e gerou grande expectativa na cidade.
Antes de ter seu campo, o Alvinegro chegou a mandar seus jogos em três estádios diferentes: Campo da Avenida Ana Costa, nº 22 , Campo da Avenida Conselheiro Nébias, e o Campo do Clubes dos Ingleses.

A INAUGURAÇÃO

No dia tão aguardado, uma forte chuva caiu sobre a cidade, fato que não abalou a expectativa dos moradores locais, porém, preocupou para as condições de jogo. Estava programado para o grande dia, a realização da partida válida pelo Campeonato Paulista, diante do Ypiranga. Por precauções, o jogo foi cancelado, e realizado após 10 dias, no dia 22 de outubro.
Mesmo sem a realização da partida, a festa santista não foi diminuída. Foram realizados jogos diversos entre os sócios, inclusive programação para as crianças.
Quando inaugurada, ainda não era conhecida ou chamada por Vila Belmiro, e ao passar dos anos, o nome do bairro que sempre a abrigou, virou também o apelido.
Já o nome de Estádio Urbano Caldeira, foi batizado no dia 24 de março de 1933, quatro dias após a morte de Urbano Caldeira, que pela dedicação e amor ao clube, recebeu a justa homenagem da diretoria.
Coincidentemente ou não, no mesmo dia em que é comemorado o Dia das Crianças (e também o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Aparecida), a Vila mais famosa foi inaugurada, para virar anos mais tarde, o Berço de Craques, a Casa dos Meninos da Vila.

7 MINUTOS

Rodeado de expectativas, os líderes do Campeonato Paulista de 1964 se encontrariam pela antepenúltima rodada do primeiro turno em plena Vila Belmiro.

Frente a frente os velhos rivais Santos e Corinthians, uma partida que arrebatava todas as atenções dos amantes do futebol com a presença do esquadrão santista que encantava o mundo comandado por Pelé contra um adversário que sofria com a falta de títulos e buscava novamente vencer o Santos, algo que não acontecia desde 1957.

O JOGO

O grande interesse pelo confronto dos alvinegros se confirmou e uma multidão rumou à Vila Belmiro naquela tarde que contou com a presença de 32.986 pessoas fora aproximadamente duas mil torcedores que ficaram do lado de fora do estádio. Com isso foi registrado o recorde de público da história do estádio santista.
Como todo grande clássico este iniciou estudado por ambas as partes, mas com apenas 7 minutos de bola rolando um forte barulho no estádio, houve a queda dos alambrados da Vila Belmiro e o árbitro Armando Marques de imediato paralisou a partida, assim relatou o acidente o jornal Folha de São Paulo, em 21/09/1964: “Segundo as autoridades médicas, o tumulto foi mais uma vez o grande causador da tragédia. Quando eram decorridos 7 minutos da partida o alambrado dos fundos do estádio, devido em primeiro lugar as recentes construções que ali se verificaram e ao grande número de assistentes que nele se apoiavam, cedeu vindo ao solo. Essas pessoas formaram um verdadeiro “bolo humano” que se ampliou cada vez mais com a correria nas gerais. O acidente não teve maiores proporções devida a grande intervenção por parte dos elementos da Guarda Cívil, Força Pública, Polícia Marítima e até mesmo da Polícia do Exército”.
Contabilizados 181 feridos e felizmente não foi registrada nenhuma vítima fatal desse grande incidente fruto da superlotação da Vila Belmiro. A partida foi encerrada pelo árbitro e foi novamente disputada após 10 dias no estádio do Pacaembu registrando empate em 1×1.

FICHA TÉCNICA:

20/09/1964 – Santos 0 x 0 Corinthians
Local: Estádio Vila Belmiro, em Santos.
Competição: Campeonato Paulista (jogo anulado)
Renda: Cr$ 19.397.600,00
Público: 32.986 (20.888 arquibancadas; 9.528 sócios; 1.908 numeradas e 662 numeradas)
Árbitro: Armando Marques
SFC: Gylmar, Ismael, Olavo e Geraldino; Zito e Lima; Peixinho, Gonçalo, Toninho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula
SCCP: Heitor; Eduardo e Oreco; Augusto, Clóvis e Amaro; Manuelzinho, Ferreirinha, Flavio, Luisinho e Lima.
Técnico: Roberto Belangero
DEZ DIAS DEPOIS, A PARTIDA REMARCADA

30/09/1964 – Santos 1 x 1 Corinthians
Gols: Flávio (f) aos 5min e Pelé aos 37min do segundo tempo.
Local: Estádio Pacaembu, em São Paulo.
Competição: Campeonato Paulista
Renda: Cr$ 24.839.600,00
Público: 28.571
Árbitro: Armando Marques
SFC: Gylmar; Ismael, Mauro e Geraldino; Zito e Haroldo; Peixinho, Lima, Toninho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula
SCCP: Heitor; Augusto, Eduardo e Oreco; Amaro e Clóvis; Ferreirinha, Luisinho, Silva, Flávio e Lima. Técnico: Roberto Belangero

ANÁLISE


Era um jogo festivo como qualquer jogo, mas esse era diferente, além de ser o amistoso comemorativo dos 100 anos da Vila Belmiro, marcava a despedida "oficial" de Giovanni e Léo, dois ídolos santistas, e o jogo não era muito importante em termos competitivos, mas isso não significa que nem Santos e nem Benfica deixariam de jogar tudo o que sabem. Mesmo desfalcado, o Santos tinha um bom time para disputar aquele amistoso, assim como o Benfica. O 1º tempo foi mais para os atletas que não são titulares mostrarem serviço do que para os titulares mostrarem tudo o que sabem. O zagueiro argentino Fabián Noguera mostraria isso na segunda etapa. Mas o foco principal era Léo, que jogaria 15 minutos pelo Benfica e 15 minutos pelo Santos. O zagueiro Lucas Veríssimo cometeu dois pênaltis, mas a diferença é que o Benfica marcou apenas um, quando John era o goleiro, e o outro João Paulo defendeu. O jogo estava quase acabando, e ficaria feio perder em um jogo festivo, no aniversário do estádio que completara 100 anos, na despedida de um dos maiores ídolos do clube, com todo o respeito pelo Benfica, que é um grande time. Fabián Noguera apareceu no lugar certo e na hora certa para empatar. 1 a 1.

Os torcedores que foram a Centenária Vila Belmiro acompanhar a partida, se empolgaram, e muitos imaginavam que Léo, que dessa vez, estava atuando com a camisa santista, poderia fazer o gol da virada, ou de cabeça, ou de pênalti, HAHAHA. Mas ficou por isso mesmo, e não faltaram homenagens ao Eterno Guerreiro da Vila, que com certeza terá muita história para contar aos seus descendentes sobre sua carreira e o Santos. Giovanni foi o cara que resgatou o orgulho de ser santista em muitos torcedores na década de 1990, uma época que era muito difícil para o torcedor santista, e a semifinal do brasileirão de 1995 entrou para a memória do torcedor e para muitos, aquela foi a "final antecipada" daquele campeonato e faz sentido, pois o que aconteceu na final, é melhor nem relembrar, mas o que o Giovanni jogou naquela semifinal, é impressionante ! É uma história que deve ser contada de geração em geração.

Lamento por ter demorado tanto para postar a análise desse jogo, isso se deve por conta da rotina de trabalho e estudo e também pelo conteúdo considerado extenso para uma análise.















SOU ALVINEGRO DA VILA BELMIRO, O SANTOS VIVE NO MEU CORAÇÃO !